O mergulho foi, durante anos, explorado e pesquisado como um assunto do interesse científico, médico e recreativo. Mais recentemente, com o desenvolvimento da psicologia do desporto, transformou-se em foco de alguns estudos. A segurança, por seu lado, é um aspecto que desperta, não só, o interesse dos praticantes desta modalidade, como também o das várias organizações que se movimentam ao redor desta actividade. independentemente dos vários estudos desenvolvidos, quer militares quer civis, quer, por outro lado, no âmbito do mergulho profissional e recreativo, existe, ainda, escassa informação sobre a qualidade de aplicação de todos os conceitos dados nos diferentes cursos (e.g. prevenção e controlo de riscos), assim como na aquisição de competências resultantes desse percurso formativo.
Esta situação tem especial pertinência nos responsáveis de formação - instrutores de mergulho recreativo - dado serem os agentes sinalizadores dos riscos e controlos existentes na actividade em causa. Este estudo exploratório assenta na avaliação da consciencialização dos riscos e na actuação, de acordo com os princípios de minimização dos mesmos, por parte dos instrutores de mergulho recreativo.
O objectivo geral deste trabalho foi avaliar se a percepção de risco e formas de prevenção inerente a dois grupos (monitores em que actividade de mergulho é a sua principal ocupação profissional e instrutores em que a que actividade de mergulho não é a sua principal ocupação profissional) é igual.
2. Introdução
A actividade de mergulho pode dividir-se em dois grandes grupos: o intitulado mergulho profissional e o mergulho amador ou recreativo. Este estudo centra-se no segundo grupo. Ao explorarmos a bibliografia da área em questão, deparamos com rara documentação na perspectiva das Ciências Sociais, limitada por dois exemplos (Pryba, 1985; Ward, 2002). No entanto, na área da segurança no mergulho, a bibliografia é vasta e, essencialmente, produzida por instituições militares para aplicação nos seus cursos de formação ou, por outro lado, por organizações que a nível mundial lideram a gestão da formação do mergulho recreativo (PADI e CMAS, entre outras).Os estudos enquadrados pelas universidades são escassos e basicamente centram-se na área da medicina hiperbárica, dado que muitas vezes o mergulho é encarado como uma ferramenta para a prática de outras actividades - fotografia, inspecção, arqueologia - e não o centro do estudo ou investigação. Por outro lado, o conceito de segurança e tudo o que a envolve é matéria abordada com ênfase durante a maioria dos cursos existentes. Contudo, existem algumas regras que nem sempre são cumpridas por todos os mergulhadores e por alguns instrutores, situação que foi possível comprovar em alguns mergulhos que efectuámos no decorrer deste trabalho (a aplicação do questionário que elaborámos pretende de certa forma levantar algumas destas fraquezas e reunir dados que posteriormente possam ser usados em outros estudos).
O fenómeno de negligência de algumas medidas de prevenção e controlo é suportado por alguma literatura e estatísticas desenvolvidas não só pelo HSE1, mas também pela DAN2, mostrando que os mergulhadores, ao negligenciar a segurança, têm como resultado acidentes que algumas vezes provocam a morte. Em algumas organizações de mergulho, como a British Sub Aqua Club (BSAC), com 52 364 membros, são efectuados estudos e recolha de relatórios de incidentes/acidentes. Parish (1995), num estudo enquadrado por essa associação, reporta 351 incidentes/acidentes, incluindo neste valor 18 mortes.
Este artigo apresenta uma síntese da dissertação apresentada na Faculdade de Motricidade Humana.
3. Caracterização da amostra
No presente estudo participaram um total de 76 mergulhadores, dos quais 18 têm na actividade de mergulho a sua principal ocupação profissional (doravante designado de grupo 1) e os restantes 58 não fazem da actividade de mergulho a sua principal ocupação profissional (doravante designado de grupo 2). No grupo 1, dos 18 inquiridos somente um é do sexo feminino. No que diz respeito à idade, os participantes encontram-se distribuídos entre os 27 e os 73 anos, correspondendo a idade média a 40,22 anos (σ = 10,96).
Esta situação tem especial pertinência nos responsáveis de formação - instrutores de mergulho recreativo - dado serem os agentes sinalizadores dos riscos e controlos existentes na actividade em causa. Este estudo exploratório assenta na avaliação da consciencialização dos riscos e na actuação, de acordo com os princípios de minimização dos mesmos, por parte dos instrutores de mergulho recreativo.
O objectivo geral deste trabalho foi avaliar se a percepção de risco e formas de prevenção inerente a dois grupos (monitores em que actividade de mergulho é a sua principal ocupação profissional e instrutores em que a que actividade de mergulho não é a sua principal ocupação profissional) é igual.