Artigo
Golfinhos, baleias, tubarões e tartarugas são os primeiros seres que vêm à cabeça quando pensamos na vida marinha. Polvos, caranguejos e peixes multicoloridos, como aqueles que aparecem em documentários sobre recifes de corais, completam o conhecimento da maioria das pessoas sobre os organismos marinhos. Entretanto, a maior parte da vida marinha não é formada por animais de grande porte, como peixes e baleias, mas por organismos praticamente invisíveis a olho nu. Estes seres minúsculos incluem bactérias, microalgas, protozoários e muitos animais, como pequenas águas-vivas e crustáceos. São encontrados em praticamente todos os ambientes marinhos, e vivem agarrados às rochas, entre os grãos de areia, ou nadando livremente na água.
Apesar de pequenos, estes microscopicos organismos estão longe de serem qualificados como insignificantes, pois têm lugar de destaque na complexa rede de relações físicas, químicas e biológicas do planeta. Um número gigantesco de pequenos seres uni ou multicelulares povoa cada centímetro quadrado da areia da praia e cada centímetro cúbico da água do mar. Quem já caminhou sobre a areia ou deu um mergulho no mar certamente fez contato com milhares destes organismos.
Criaturas marinhas que vivem na coluna d’água e são incapazes de vencer as forças das correntes são chamadas de plâncton. Os seres planctônicos fotossintetizantes constituem o fitoplâncton, enquanto os incapazes de realizar a fotossíntese compõem o zooplâncton. Com representantes de quase todos os grupos de seres vivos, os seres planctônicos são importantíssimos para as redes alimentares aquáticas. O fitoplâncton, por exemplo, é um dos responsáveis pela liberação de grande parte do oxigênio atmosférico, além de servir como alimento para o zooplâncton. Por sua vez, pequenos crustáceos planctônicos, como o krill, são o prato preferido das baleias. Além disso, muitos invertebrados marinhos também passam parte de suas vidas como formas planctônicas até se transformarem em adultos que habitam o fundo do mar.
Os pequenos seres do plâncton vivem em um mundo fisicamente diferente do que estamos acostumados. Nesse meio, a força da viscosidade da água impera sobre os microscópicos corpos dos organismos planctônicos, que têm dificuldade para se deslocar. Para entender melhor esse fenômeno, imagine-se em uma piscina de melado (ou outro líquido muito viscoso), onde só é possível nadar ou mexer qualquer parte de seu corpo em câmara lenta. É neste tipo de ambiente que os organismos planctônicos obtêm alimento e se reproduzem há milhões de anos.
Os organismos que vivem livres na água do mar e têm menos que 1cm são difíceis de observar sem a ajuda de um instrumento, e precisam ser coletados por uma rede especial com malha muito fina, chamada rede de plâncton. Ao ser puxada manualmente ou por um barco durante alguns minutos, a rede concentra os seres planctônicos num pote coletor.
No laboratório, os organismos marinhos são mantidos em tanques ou aquários com água do mar para serem estudados e fotografados.
Apesar de parecer complicada, a rotina de estudo de organismos marinhos em laboratório é simples. Após uma coleta com rede de plâncton os organismos obtidos são triados utilizando-se lupas que aumentam a imagem de 2 a 40 vezes. Os organismos de interesse são então separados e analisados no microscópio, onde as imagens podem ser ampliadas até 1000 vezes. Outra técnica comumente utilizada no estudo de organismos microscópicos é a microscopia eletrônica de varredura (MEV). As amostras passam por uma preparação especial, são recobertas por uma fina camada de ouro, e observadas em um microscópio eletrônico. Em vez de luz, este equipamento emite um feixe de elétrons sobre a amostra, formando imagens com grande profundidade de foco, o que dá uma excelente idéia do aspecto tridimensional do organismo, diferentemente dos microscópios ópticos comuns. A técnica permite observar a superfície do corpo em alta resolução, revelando detalhes antes invisíveis na microscopia de luz convencional.